Terror: entenda tudo sobre esse gênero literário!

Por: Victor Alfons Steuck, editor da Última Página

Com o intuito de auxiliar as leitoras e escritoras e os leitores e escritores que acompanham a última página, produzimos este guia com tudo o que você precisa saber sobre gênero literário de terror antes de começar a escrever as suas próprias histórias.

Você verá a seguir vários conceitos relacionados ao terror e terá acesso à trechos das principais obras fundadoras do gênero. Também vamos discutir a diferença entre terror psicológico e sobrenatural e esclarecer em detalhes as etapas do medo (pavor, horror e terror). Boa leitura!

O que é terror?

Terror é um gênero de ficção especulativa criado com o intuito de causar medo e aterrorizar as pessoas. Trata-se de um estilo que pode ser expressado de diversas maneiras, tanto na literatura, quanto na pintura, filmes, fotografias e outras obras de arte.

O terror tem a sua origem muito relacionada também ao folclore e às tradições religiosas, com um foco especial na morte em suas mais diferentes faces – é um gênero que aborda desde assassinatos sombrios até aparições de espíritos e monstros sobrenaturais.

Também é muito versátil, pois, se usado de forma irônica, pode ser super engraçado e satírico. Tudo depende de como o autor aborda o tema a ser discutido em seu texto.

“(…), considero uma “história de terror” uma peça de ficção em prosa de duração variável (mas tendendo a estar entre 2.000 palavras e 100.000 palavras) que choca ou assusta o leitor ou talvez induza um sentimento de repulsa ou aversão.”

  • J. A. Cuddon (1984)

De onde surgiu o terror?

As histórias sobre assombrações, causos estranhos, mortes ou monstros sobrenaturais parecem existir desde que a humanidade começou a se comunicar, aparecendo também na forma de lendas urbanas e tradições religiosas.

No ocidente, o terror foi inaugurado como gênero literário a partir do horror gótico, que utilizava a psicologia do terror (o medo, a loucura, a devassidão sexual, deformações no corpo, etc.) e um imaginário sobrenatural composto por anjos, demônios e espíritos.

“As histórias de fantasmas são uma categoria especial do fantástico, evoluindo do folclore e se desenvolvendo através da ficção de terror gótica para se tornar amplamente popularizada no período vitoriano, através das obras de Sheridan Le Fanu, M.R. James, Rudyard Kipling, Arthur Machen, Vernon Lee, Henry James etc..”

  • Rosemary Jackson – Fantasy: The Literature of Subversion

Um dos fatores que ajuda a explicar a popularidade do gênero é o fato de lidar diretamente com a questão mais tabu da experiência humana: a morte.

Todos sabemos que vamos morrer e as histórias de terror, seja na forma de causos ou de contos literários, é uma forma dos vivos lidarem com essa única e definitiva certeza da vida.

“As histórias de fantasmas são populares há milhares de anos, e há muitas razões pelas quais as pessoas as apreciam e gostam de se assustar com elas.

Certamente há um efeito catártico em ouvir uma história de fantasmas e se assustar sem nunca estar em perigo real. Mas, mais essencialmente, as histórias de fantasmas refletem crenças religiosas sobre a importância de um enterro adequado e a sobrevivência do espírito após a morte. Os mortos precisam descansar em paz, enquanto os vivos precisam acreditar na vida após a morte; quem realmente quer pensar na inexistência eterna? E o humor em muitas histórias de fantasmas é uma boa maneira de lidar com a perturbadora realidade da morte.”

  • Debbie Felton em “Haunted Greece and Rome: Ghost Stories from Classical Antiquity”

Ou seja, de acordo com Debbie Felton, as histórias de terror e de fantasmas servem como uma forma de reforçar a importância dos rituais funerários.

Sem um enterro adequado, o espírito (fantasma) da pessoa morta pode acabar ficando no plano terreno até que suas questões sejam plenamente resolvidas.

Qual a primeira obra de terror?

É difícil dizer com precisão qual seria a primeira obra de terror da humanidade, pois trata-se de um gênero que existe na sociedade desde que aprendemos a contar histórias, mas, como vimos, também estão muito ligados às tradições religiosas, o que pode levar à conclusão de que as primeiras obras de terror são justamente textos sagrados como a bíblia e o antigo testamento.

Quem leu alguma versão bíblia – em especial o antigo testamento – sabe que a obra é recheada de monstros, assassinatos, mutilações, guerras, genocídios, pragas, maldições e eventos horrorosos. Um dos exemplos mais clássicos é o trecho a seguir, que de tão absurdo, chega a ser assustador:

“Então subiu dali a Betel; e, subindo ele pelo caminho, uns meninos saíram da cidade, e zombavam dele, e diziam-lhe: Sobe, calvo; sobe, calvo!

E, virando-se ele para trás, os viu, e os amaldiçoou no nome do Senhor; então duas ursas saíram do bosque, e despedaçaram quarenta e dois daqueles meninos.”

  • 2 Reis 2:23,24

Ainda que a morte de quarenta e duas crianças trucidadas por duas ursas seja algo muito perturbador, a bíblia e os outros textos sagrados ou histórias de tradição religiosas não são exatamente literatura de horror, pois não possuem um propósito artístico, mas sim doutrinário – elas servem para reforçar a importância da prática das tradições religiosas e culturais de determinada região, ou seja, têm uma função educativa. 

De acordo com a tradição ocidental, porém, a primeira obra de terror – e que deu início ao gênero na literatura – foi “O Castelo de Otranto”, livro de Horace Walpole lançado em 1794, a obra fundadora do horror gótico. Veja um trecho do livro a seguir:

“Esperando que ela avançasse, e tentando desculpar-se pela indelicada interrupção, Frederico disse:

– Padre, procuro pela senhora Hipólita.

– Hipólita! – respondeu uma voz oca. – Tu vieste a este castelo para procurar por Hipólita? – Então a figura, virando-se lentamente, revelou para Frederico as mandíbulas descarnadas e as órbitas vazias de um esqueleto envolvido no manto de um ermitão.

– Anjos divinos, protejam-me! – gritou Frederico, recuando.

– Faça por merecer essa proteção! – respondeu o espectro.

Frederico, tombando de joelhos, suplicou à aparição para que tivesse piedade dele.

– Não te lembras de mim? – perguntou o fantasma. – Recorda-te do bosque de Joppa!

– És tu aquele santo ermitão? – gritou Frederico, estremecendo. – Posso fazer algo por tua paz eterna?

– Fostes tu libertado de teu cativeiro – respondeu o espectro – para perseguir deleites carnais? Terás te esquecido da espada enterrada e da profecia divina nela gravada?

– Não me esqueci, não me esqueci – falou Frederico. – Mas diga, espírito abençoado, qual é tua incumbência para mim? O que resta para ser feito?

– Esqueça Matilda! – disse a aparição; e desapareceu.

O sangue de Frederico congelou em suas veias. Por alguns minutos, ele permaneceu imóvel. Então, caindo prostrado com a face diante do altar, implorou a intercessão de todos os santos por perdão. Uma torrente de lágrimas sucedeu a esse arrebatamento, e a imagem da bela Matilda surgiu-lhe nos pensamentos, contra a sua vontade. Ele permaneceu no chão, em conflito entre a penitência e a paixão.”

  • Horace Walpole em “O Castelo de Otranto”

Outros livros fundadores do gênero

Além de “O Castelo de Otranto”, outros títulos lançados nos anos seguintes também são consideradas obras fundadoras da literatura de terror no ocidente.

Para aumentar o seu repertório, veja alguns trechos das principais obras fundadoras do terror, mas atenção. Os trechos vão conter “spoilers” sobre a trama de cada uma dessas obras e alguns, como o trecho de O Amante Fantasma, da escritora francesa Vernon Lee, que engloba o auge do momento de terror e horror no livro.

Frankenstein, de Mary Shelley (1818)

“Nessa ocasião um sono leve aliviou minha tensão, mas o repouso foi abreviado pela aproximação de uma linda criança que corria, despreocupada e sorridente, para o lugar oculto que eu escolhera. Ao vislumbrar sua figura, ocorreu-me que essa criaturinha tão linda não podia ter preconceitos nem maldade e vivera muito pouco tempo para que pudesse apavorar-se diante de uma deformidade. Se, portanto, eu pudesse apossar-me do menino e educá-lo como meu companheiro e amigo, eu não viveria tão desolado nesta terra tão povoada e tão hostil.

Sob a ação desse impulso, agarrei o menino no momento em que passava e puxei-o contra mim. Logo que percebeu minha aparência, colocou as mãos sobre os olhos e soltou um grito estridente. Afastei-lhe com força as mãos do rosto e, esforçando-me por falar com suavidade, disse: 

— Criança, que significa isso? Não lhe desejo fazer mal algum. Escute. 

Ele debateu-se violentamente. 

— Solte-me — gritou. — Seu bicho! Seu feio! Você é um papão que quer me comer. Deixe-me ou vou contar ao papai.

— Menino, você jamais tornará a ver seu pai. Você tem de vir comigo.

— Não quero, solte-me! Meu pai é importante. Ele é o senhor Frankenstein e castigará você. Não me segure mais.

— Frankenstein! Então você pertence à família de meu inimigo, contra quem eu jurei vingança? Você será minha primeira vítima.

O menino ainda se debatia, xingando-me de todos os modos que sabia. Apertei-lhe a garganta para silenciá-lo, e num momento jazia morto a meus pés.

Olhei para minha vítima e meu sentimento foi de júbilo e triunfo. Batendo palmas, exclamei: Também eu posso criar desolação! O que me fizeram com a vida, pago com a morte. Meu inimigo não é invulnerável. Esta morte há de causar-lhe desespero, e mil outras desgraças o atormentarão até destruí-lo.”

O Amante Fantasma, de Vernon Lee (1886)

“De modo repentino, ele parou, bem onde se projetava a janela em arco da sala amarela, e senti a mão de Oke apertar meu braço.

— Eu trouxe você aqui para ver uma coisa — ele sussurrou com voz rouca e me levou até a janela.

Olhei para dentro. A sala, em comparação com a porta de saída, estava bastante escura, mas contra a parede amarela, vi a senhora Oke sentada sozinha em um sofá com seu vestido branco, a cabeça ligeiramente jogada para trás, com uma grande rosa vermelha na mão.

— Você acredita agora? — sussurrou a voz de Oke quente em meu ouvido. — Você acredita agora? Foi tudo fantasia minha? Mas eu o pegarei dessa vez. Eu tranquei a porta por dentro e, por Deus! Ele não vai escapar.

As palavras se amontoaram na boca de Oke. Eu tentei o segurar silenciosamente, mas ele se soltou, abriu a janela e saltou para dentro da sala, e eu atrás dele. Ao cruzar a soleira, algo brilhou em meus olhos. Houve um estalo alto, um grito agudo e o baque de um corpo no chão. Oke estava parado no meio da sala, com uma leve fumaça em torno dele e aos seus pés, afundada no sofá, com a cabeça loira apoiada no assento, estava a senhora Oke, com uma poça vermelha se formando em seu vestido branco. Sua boca estava convulsionada, como se naquele grito automático, seus olhos brancos bem abertos pareciam sorrir vaga e distantemente.

Não sei nada sobre o tempo que fiquei imóvel ali. Tudo pareceu durar um segundo, mas um segundo que durou horas. Oke ficou olhando, depois se virou e riu.

— O maldito patife me enganou de novo! — ele chorou e rapidamente destrancando a porta, correu para fora da casa com gritos terríveis. (…)

Oke tentou atirar em si mesmo naquela noite, mas apenas fraturou o maxilar e morreu alguns dias depois, delirando.”

O Grande Deus Pã, de Arthur Machen (1890)

“Mary”, ele disse, “chegou a hora. Você é inteiramente livre. Você está disposta a confiar totalmente em mim?”

“Sim querido.”

“Você ouviu isso, Clarke? Você é minha testemunha. Aqui está a cadeira, Mary. É bem fácil Apenas sente-se e incline-se para trás. Você está pronta?”

“Sim, querido, completamente pronta. Me dê um beijo antes de começar.”

O médico curvou-se e beijou sua boca, gentilmente. “Agora feche os olhos”, disse ele. A garota fechou as pálpebras, como se estivesse cansada, e desejasse dormir, e Raymond colocou o frasco verde em suas narinas. O rosto dela ficou branco, mais branco que o vestido; ela lutou fracamente, e então, com a sensação de submissão forte dentro dela, cruzou os braços sobre o peito como uma criança prestes a fazer suas orações. A luz brilhante do abajur caiu sobre ela, e Clarke observou mudanças breves em seu rosto como as mudanças nas colinas quando as nuvens do verão flutuam sobre o sol. Em seguida ela ficou toda branca e imóvel, o médico levantou uma das pálpebras. Ela estava completamente inconsciente. Raymond pressionou com força uma das alavancas e a cadeira afundou instantaneamente. Clarke o viu cortando um círculo, como uma tonsura, de seus cabelos, e a lâmpada foi se aproximando. Raymond pegou um pequeno instrumento reluzente de uma maleta e Clarke se virou estremecendo. Quando ele olhou novamente, o médico estava ligando a ferida que ele havia feito.

“Ela acordará em cinco minutos.” Raymond ainda estava perfeitamente frio. “Não há mais nada a ser feito; só podemos esperar.”

Os minutos passaram devagar; eles podiam ouvir um lento, pesado, tique-taque. Havia um relógio velho na passagem. Clarke sentiu-se doente e fraco; seus joelhos tremiam embaixo dele, ele mal podia suportar.

De repente, enquanto observavam, ouviram um suspiro longo, repentinamente, a cor que havia desaparecido retornou às bochechas da garota, e de repente seus olhos se abriram. Clarke se encolheu diante deles. Eles brilhavam com uma luz terrível, olhando para longe, e uma grande maravilha caiu sobre seu rosto, e suas mãos esticaram-se como se tocassem o que era invisível; mas em um instante a maravilha desapareceu e deu lugar ao mais terrível terror. Os músculos do rosto estavam terrivelmente convulsivos, ela balançou da cabeça aos pés; a alma parecia lutar e estremecer dentro da casa de carne. Era uma visão horrível, e Clarke correu para frente, quando ela caiu gritando no chão.

Três dias depois, Raymond levou Clarke ao lado da cama de Mary. Ela estava deitada bem acordada, rolando a cabeça de um lado para o outro, e sorrindo vagamente.

“Sim”, disse o médico, ainda bem tranquilo, “é uma grande pena; ela é uma idiota sem esperança. No entanto, não pôde ser ajudada; e, depois de tudo, ela viu o Grande Deus Pã.”

Drácula, de Bram Stoker (1897)

“Mais tarde, na manhã de 16 de maio. Deus preserve minha sanidade, pois estou reduzido a isso. A segurança e a certeza da segurança são coisas do passado. Enquanto eu sobreviver aqui, há somente uma coisa a esperar, que eu não fique louco, isso se já não o estiver. Se eu estiver são, então decerto é enlouquecedor pensar que, de todas as coisas abomináveis que infestam este lugar odioso, o conde é a menos assustadora para mim; que somente ele pode me proporcionar segurança, ainda que seja apenas enquanto eu servir ao seu propósito. Grande Deus! Deus misericordioso! Que eu fique calmo, pois fora desse caminho só pode haver loucura. Começo a fazer novas descobertas sobre certas coisas que me intrigavam. Até agora eu não havia entendido muito bem o que Shakespeare quis dizer quando fez Hamlet clamar: “Minha caderneta! Rápido, minha caderneta! É mister que eu anote isso” etc.7 Mas agora que sinto como se meu cérebro estivesse desmantelado ou como se tivesse ocorrido o choque que vai acabar por desfazê-lo, volto-me ao meu diário em busca de repouso. O hábito de registrar com exatidão deve ajudar a me acalmar.”

Terror psicológico vs Terror sobrenatural

Dentre os inúmeros subgêneros de terror, dois são fundamentais, pois englobam boa parte das produções de terror: o terror psicológico e o sobrenatural.

Terror psicológico

O terror psicológico foca nos estados mental, emocional e psicológico de seus personagens.

O objetivo é causar desconforto emocional e aflição. Essa característica é alcançada através da discussão de vulnerabilidades e medos, seja de um grupo ou de um indivíduo, utilizando de suspeitas, falta de confiança e paranóia.

O rumo da narrativa pode ser utilizado para confundir a audiência, não apresentando todos os pontos e mostrando personagens que não se sentem seguros sobre sua própria percepção da realidade.

Alguns exemplos de contos de terror psicológico publicados na última página são:

Terror sobrenatural

O terror sobrenatural invoca ideias sobrenaturais, como fantasmas, demônios, entidades e outros.

Eles lidam com essas ideias populares para evocar o medo e discutir questões sobre a vida após a morte.

Geralmente, o sobrenatural não quer apenas assustar, mas atormentar quem está consumindo a obra apelando para crenças comuns e extrapolando as consequências para criar tensão e um clímax de horror.

Alguns exemplos de contos de terror sobrenatural publicados aqui na última página são>

Pavor x horror x terror (os 3 tipos de medo de acordo com Orson Scott Card)

Para terminar, deixo vocês com um trecho da introdução do livro Maps in a Mirror, em que Orson Scott Card explica o porquê de não escrever obras de terror e acaba descrevendo a relação entre pavor, horror e terror.

Conhecer esses três tipos de medo é muito importante para escrever histórias impactantes, então leiam com atenção e pratiquem essas técnicas nos seus textos.

“O pavor é o primeiro e o mais forte dos três tipos de medo. É essa tensão, essa espera que vem quando você sabe que há algo a temer, mas ainda não identificou o que é. O medo que surge quando você percebe que seu cônjuge deveria estar em casa há uma hora; quando você ouve um som estranho no quarto do bebê; quando você percebe que uma janela que você tem certeza que fechou d agora está aberta, as cortinas esvoaçando, e você está sozinho em casa.

“O terror só vem quando você vê a coisa de que tem medo. O intruso está vindo para você com uma faca. Os faróis que vêm em sua direção estão claramente na sua faixa. Os klansmen surgiram dos arbustos e um deles está segurando uma corda. É quando todos os músculos do seu corpo, exceto talvez os esfíncteres, ficam tensos e você fica rígido; ou você grita; ou você corre. Há um frenesi nesse momento, um poder culminante — mas é o poder da liberação, não o poder da tensão. E por pior que seja, é melhor do que temer a esse respeito: agora, pelo menos, você conhece a face da coisa que teme. Você conhece suas fronteiras, suas dimensões. Você sabe o que esperar.

“O horror é o mais fraco de todos. Depois que a coisa terrível aconteceu, você vê seu resto, suas relíquias. O horrível cadáver esquartejado. Suas emoções variam de náusea a pena pela vítima. E até sua piedade é tingida de repulsa e desgosto; em última análise, você rejeita a cena e nega sua humanidade; com a repetição, o horror perde sua capacidade de comover você e, até certo ponto, desumaniza a vítima e, portanto, desumaniza você. Como os sonderkommandos nos campos de extermínio aprenderam, depois que você move um número suficiente de cadáveres nus assassinados, isso para de fazer você querer chorar ou vomitar. Você apenas faz isso. Eles deixaram de ser pessoas para você.”

  • Orson Scott Card – Maps in a Mirror (1990)

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