Duas garotas e um louco

O Arrependido

ALERTA: O CONTO A SEGUIR CONTÉM IMAGENS EXTREMAMENTE GRÁFICAS E NÃO É RECOMENDADO PARA MENORES DE 18 ANOS. INSPIRADO NO INFAME VÍDEO “2 GAROTAS E UM COPO”, A TRAMA DISCUTE OS LIMITES DA INDÚSTRIA PORNOGRÁFICA. TRATA-SE UMA OBRA DE FICÇÃO E NENHUM DOS ACONTECIMENTOS DESCRITOS A SEGUIR ACONTECEU DE FATO NO MUNDO REAL.

Se a foto de duas garotas segurando um copo não lhe trás nada à mente, Deus abençoe sua alma. Venho a este fórum relatar de forma anônima tudo o que sei. Aconselho que todos leiam meu relato, principalmente aqueles que soltaram risadinhas ao lerem a primeira linha deste texto.

Hoje em dia trabalho no ramo das telecomunicações, mas na época era apenas um estagiário de uma pequena produtora de conteúdos autorais do sudeste do Brasil. Estou tentando ser o mais vago possível nas informações para impedir que me reconheçam, mas não há outra opção, um detalhe precisa ser relevado: eu era assistente de produção de uma produtora de conteúdos adultos. Pode parecer o emprego dos sonhos e realmente foi por um tempo. Entrei por indicação de um amigo que trabalhava lá, aceitei ser indicado quando ele me disse que certa vez substituiu um ator que não estava em um bom dia. Eu era jovem, burro e pobre, então aceitei.

Aprendi muito sobre a industria pornográfica, aprendi como limpar manchas, como prolongar ereções, como estapear alguém sem deixar marcas, aprendi que aquelas cenas nas quais os atores ficam minutos só gemendo sem soltar uma palavra, serve para os clipes fazerem sucesso em países xenófobos, mas o mais importante, e que uso diariamente, é a máxima “não precisa ser real, tem que parecer real suficiente para convencer os pervertidos solitários”, o que não é muito difícil.

O dia a dia era caótico, as atrizes e os atores sempre foram extremamente gentis e profissionais. Nunca trabalhei com tanto gente criativa e com tantas ideias legais, pena que a maioria dos planos não passava do papel, pois o orçamento era bem apertado. Meu salário era péssimo, permanecia lá pois valia o estágio valia horas formativas para a faculdade e ainda me permitia ver muita coisa maluca acontecendo.

Havia um produtor/cinegrafista muito talentoso na empresa, não posso revelar qualquer característica deste, pois hoje em dia é muito influente fora do país! Vou chamá-lo de F. Esse cara era bom, não sei como ele fazia, mas os ângulos eram perfeitos, ele movia a camera e as pessoas se moviam junto e se abriam para que a camera pegasse cada movimento, ele não precisava nem mesmo dizer o que queria, tudo fluia organicamente. Serio, ele parecia um mago ou algo assim. Quando gritava “ação”, o semblante das pessoas mudaram subitamente e o sexo mais louco acontecia, mesmo sem haver qualquer preparação. Já vi com meus próprios olhos ele levantando a mão lentamente como um maestro, a descendo subitamente e gritando “goze”, e adivinha? O ator gozava. Era incrível. 

  Nenhum dos funcionários os quais eu trabalhava sabiam muito sobre o F, a gente só especulava. Era normal ouvir boatos de que ele levava as mulheres e os caras pra casa, diziam que ele drogava os atores, diziam que era parente do dono da produtora. Nunca nada disso foi provado ou não, já que o cara não permanência um segundo a mais dentro da produtora, chegava para preparar a produção, gravava e puf, sumia como um ninja numa nuvem de vapor de sexo, enquanto eu ficava limpando as gotas de porra do tapete. 

Alguns meses depois da minha entrada, começaram a perceber que vídeos bizarros chamavam a atenção do público e se popularizaram no boca a boca sem nem mesmo necessitar de gastos com publicidade. As coisas começaram forma  bem leve e divertida, com poucos fluídos corporais e umas agressões aqui a ali, sendo a maioria falsa, era tudo encenado. E, como podem imaginar, F era o maior produtor desse tipo de conteúdo.

Certo dia, me disseram para fazer muitos litros de uma substância que parecesse sorvete de chocolate, fosse cremoso, mas poroso e que não derretesse. Foi difícil, mas eu e os demais estagiários conseguimos chegar na formula perfeita, usamos uma receita de flan de chocolate caseiro com clara de ovo e um pouco de silicone. Fizemos um balde desse negócio esquisito que parecia litros de fezes de uma pessoa doente. Nesse ponto, eu já nem perguntava mais para que cada coisa seria usada, só fazia e foda-se. Muita vezes o que preparávamos acabava nem sendo usado.

A produção ia de vento em popa e o número de atrizes e atores aumentou. Era normal ver rostos novos vestindo roupões de seda pelo prédio. No dia em questão não foi diferente, duas garotas novas deveriam entrar de roupão de ceda pela porta do estúdio para protagonizar um vídeo de F. O horário da gravação já havia iniciado há 15 minutos e nada de F e as meninas aparecerem, o que era atípico, ele era conhecido pela pontualidade. Aos 30 minutos do horário de gravação, eu e o camera assistente concordamos que a gravação não ocorreria e começamos a enrolar os cabos e guardar a iluminação, quando somos interrompidos por F entrando pela porta com as duas meninas, uma loira e uma morena,  como se fosse uma versão brasileira e de baixa renda do Osho, mas de terno ao invés de panos laranja.

F me pediu o balde com a pasta marrom e sumiu no camarim com as meninas, enquanto remontamos o studio. Em poucos minutos a gravação estava pronta para iniciar, as garotas estavam dispostas em frente as cameras e F já iniciava o ritual de sussurrar as diretrizes da cena. As garotas começaram se beijando loucamente, saboreando a língua e o rosto uma da outra, algo bonito de se ver. Não vejo necessidade de descrever o que acontece em um vídeo pornô comum, tenho certeza que qualquer um de vocês já tem mais horas em sites pornô do que de horas na universidade. Enfim, em certo ponto F interrompe as atrizes, tira da bolsa um copo de vidro, entregar às garotas, cochicha algo e pede para retornarmos a gravação. Aconteceu o que imaginamos que aconteceria, a massa marrom foi enfiada no intestino e o copo serviria de recipiente para essas fezes falsas. 

Todo emprego tem seus altos e baixos e esse era um dos baixos. Mesmo sabendo que a maioria das fezes envolvidas nos vídeos era de mentira, isso mexe com a sua cabeça, ainda mais quando as cenas usavam copos iguais aos que costumava beber água na casa da minha mãe. Não só a escatologia, mas a violência também me afetava, até hoje em dia nã consigo compreender a dinâmica do sexo sem violência e já estraguei muitas relações simplesmente por perder o tezão nas mulheres que resistiam a uns tapas. Sei que estou errado, só não sei se sou uma vítima ou vitimador.

Continuando, a cena se sucede da pior forma possível, a moça enche o copo com as fezes falsas, a outra garota delicia o conteúdo marrom e ambas começam a se beijar e se esfregar. Não tenho prazer nenhum em relatar isso e reio que não haja prazer em ler esse relato também, mas peço que respirem e continuem. 

Olhando em retrospecto, acho que F estava drogado de alguma anfetamina ou algo assim, já que permanecia vidrado nas duas, ansioso e se tremendo todo, parecia o Hitler na plateia das olimpíadas de 1936. O comportamento bizarro dele me fez prestar mais atenção nas garotas, elas nitidamente não estavam bem também, suas pupilas estavam muito dilatadas e não riram ou falaram nenhuma palavra fora de contexto. É muito improvável que não haja risadas em um set como aquele, os atores sabem que aquilo é ridículo, fazem porque precisam. 

Então, F tira uma tigela de salas da bolsa e entrega para uma das atrizes que não tarda em preencher a tigela com as fezes falsas. Nesse ponto as coisas estavam nitidamente esquisitas, pois não é comum que cenas de escatologia fossem tão longas. F sussurrava cada vez mais rápido, eu e o camera nos olhamos e concluímos que não era possível que ele estivesse falando português, já que não era possível entender nenhuma palavra. A performance continuava, as garotas se beijavam, chupavam e esfregavam.

Os mais curiosos ou mais bizarros já devem ter notado que o vídeo acaba do nada, sem um desfecho especial ou algo assim. O vídeo foi cortado poucos segundos antes do F começar a berrar. Nunca havia visto alguém tão puto na minha vida, parecia que ele estava prestes a agredir as garotas. Eu e o camera estavamos aterrorizados, não sabiamos o que fazer, ele até tentou me dizer algo, mas só consegui ouvir F gritando “mais, mais, mais, suas filhas da puta. Lambam esse sorvete, chupem essas frutas. Vocês querem morrer de fome? Querem ver sua famíla morrer de fome? Então chupem!”. Nunca vou me esquecer dessas palavras.

Conforme os gritos aumentavam, a bizarrice aumentava, eram mãos e braços entrando em orifícios que eu jamais imaginei que acomodariam esses membros. Gotas de sangue começaram a pingar, mas isso era normal em algumas cenas. Hoje eu penso que deveria ter interrompido tudo às primeiras gotas de sangue, pois pouco tempo depois o mais bizarro aconteceu. F chama as garotas pelo nome, e grita “Olha, o que vocês fizeram, vocês são imundas, limpem essa sujeira como se fosse a melhor refeição das duas vidas.”. Não peço que acreditem em mim a partir daqui, pois sei o que bizarro parece, mas sinto que não posso morrer sem contar o que aconteceu.

Assim que a frase foi dita, as duas garotas se jogaram no chão e se debateram e agarraram como uma espécia bizarra de luta no gel. Uma agarrava o braço da outra na tentativa de virá-la de costas. Uma delas parou, enfiou a mão no próprio anus e puxou algo pra fora. Eu não sabia que isso era possível, mas, aparentemente, o nosso intestino não é tão preso às nossas entranhas, e eu acabara de descobrir isso da pior forma possível. Com a ponta do intestino pra fora, as duas começaram a chupar o tubo mole, como se fosse algo muito gosto.

Não sei quantos segundos demorei para agir, talvez tenham sido uns cinco segundos, mas pareceram horas, lembro de cada detalhe bizarro daquela cena. Pulei em direção às garotas ao mesmo tempo que F, ele olhou para as garotas e disse “Deu tudo errado. Por que vocês fizeram isso? Era só sorvete, garotas.”

Claro que todos da produtora acabaram descobrindo o que aconteceu. Eu fui efetivado e o camera ganhou um puta aumento e um carro. A garota sofreu sérios danos e perdeu um segmento significativo do intestino grosso. Em acordo com ela e com a família, decidiram que parte do video deveria ser lançado e que a integralidade dos lucros seria da garota vitimada. Ainda a vejo quando vou visitar minha família no litoral, ele está magra e irreconhecível, passa parte do dia sendo empurrada numa cadeira de rodas pela mãe, já bem velhinha.

Não tenho certeza do que aconteceu. Tentei falar com a família da garota e com funcionário do hospital para saber se ela estava drogada ou algo assim, mas não consegui nenhuma informação. O tempo passou e a história deixou de ser comentada nos corredores da empresa, até que sumiu de vez.

Existe a possibilidade da menina ser maluca ou que possuísse um cisticerco que a fez agir daquela forma, mas o estranho é que parecia que qualquer um das duas poderia ter feito aquilo, uma delas só foi mais rápida. Tenho certeza de que F induziu esse comportamento e que deveria ser punido, mas é impossível provar. A outra garota, que era a única testemunha diretamente envolvida com o caso, sumiu. Eu nunca soube o nome da outra garota e, como só a vi uma vez, ela pode ter simplesmente pintado o cabelo, feito umas plásticas e sumido. O que mais me entristece é saber que F vive normalmente e é extremamente bem sucedido. Não acho que isso de deva exclusivamente ao seu talento ou influencia. Por mais que eu seja um cético ferrenho, minhas pernas ficam bambas ao pensar no que esse cara é capaz e em quantas pessoas como ele vivem por aí.

2 respostas para “Duas garotas e um louco”.

  1. eitaa que não esperava por isso

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  2. Prende muito pela expectativa e a maneira que ele escolheu descrever a narrativa do conto, muitos erros de português, porém a riqueza da trama é tão interessante que não atrapalha tanto o resultado final. Parabéns, uma prova de que apenas um conto bem escrito e técnico não é suficiente para chamar a atenção.

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